Videozinho com super dica pode ser uma cilada... e tá tudo bem sem ele, amigo concurseiro

 

Nos últimos tempos, o universo dos concursos jurídicos virou praticamente uma filial da prateleira de autoajuda. Multiplicam-se os vídeos, os “desabafos motivacionais” e os gurus da aprovação que juram ter descoberto o segredo universal, que pode incluir banho gelado, estudar 12 horas líquidas por dia, crossfit, meditação transcendental, tabelas, esquemas, mapas mentais e bullet jornal, com marca-texto em tons pastéis.

Mas calma. Se você já tentou seguir um desses scripts mágicos e terminou a semana se sentindo um fracasso por ter engajado zero %, relaxa. Você não está sozinho. A verdade é que a “coachlândia” concurseira pode ser cruel com quem tem um negócio chamado VIDA REAL.

E não são é só os coaches que vendem promessas encantadas. Também há os materiais “definitivos”, os PDFs “mais completos do Brasil”, os resumos “infalíveis” e, claro, as ferramentas “revolucionárias” que sugerem nas entrelinhas: você nunca mais vai precisar ler a lei seca. Spoiler: vai sim. Vai muito.

Esse discurso sedutor de que dá pra pular a parte bruta do estudo, aquela que envolve confronto direto com a literalidade da lei, só serve pra aumentar a frustração. Porque a verdade é que não existe aplicativo, curso, mapa mental ou IA que vá fazer a prova no seu lugar. Nenhuma ferramenta, por melhor que seja, contorna o essencial: ler a lei, com método, atenção e regularidade.

De um lado você fica ansioso e logo decepcionado por não conseguir seguir a dica extraordinária (ninguém normal consegue). De outro, você fica atordoado, porque sempre tem um material a adquirir que, certeza, é imperdível.

As boas ferramentas tecnológicas — e elas existem, sim — não são substitutas da tarefa raiz. Elas são facilitadoras. Valem a pena quando tornam mais eficiente aquilo que já é inevitável. Se a promessa é te livrar do esforço bruto, desconfie. É propaganda, não é técnica.

O grande problema dessas soluções “definitivas” é que elas criam a ilusão de que há um atalho seguro. Como se existisse uma fórmula mágica que tornasse a aprovação acessível a quem apenas consome conteúdo — e não a quem estuda de verdade. Quando o concurseiro começa a perceber que não consegue acompanhar o nível de organização mostrado nos vídeos ou que o material “milagroso” não entrega metade do que prometeu, o que aparece não é motivação: é culpa. E das pesadas.

A aprovação em concurso não tem nada cenográfico. Ela não vem com trilha sonora épica, carrossel e nem com filtro vintage. Ela vem de um caminho clássico, meio chato mesmo, porém eficaz: leitura metódica da lei, prática constante, e adaptação estratégica ao edital.

E, principalmente, vem da aceitação de que você não precisa ser perfeito. Você precisa ser persistente. Precisa estudar de forma contínua, realista e comprometida com o que importa — mesmo que isso não renda um vídeo motivacional.

Portanto, respire fundo, desligue o vídeo do coach de voz grave, ignore o PDF “definitivo” que promete te aprovar em 90 dias, e volte pro básico. Acredite: o básico funciona. E funciona justamente porque exige o que nenhum atalho oferece — o seu esforço.

Chandler Galvam Lube
Idealizador do LexLege
Mestre em Direitos e Garantias Constitucionais
Aprovado para membro do MP


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