Quando começar a viajar e fazer provas?

 

A preparação para concursos jurídicos é, sem dúvida, um desafio sob múltiplos aspectos. Emocional, físico, financeiro, social, intelectual.. Candidatos dedicam anos mergulhados em lei seca, doutrina, jurisprudência, informativos, aulas e simulados. Em meio a esse processo, uma dúvida adicional surge com frequência: “Já devo começar a fazer provas? Vale a pena viajar agora ou ainda é cedo?”

O Papel estratégico da prova no processo de aprendizado

Ao contrário do que muitos pensam, a prova não é apenas um teste final ou definitivo. Ela pode — e deve — ser parte ativa da sua preparação. Fazer provas, ainda que sem estar 100% pronto, é um termômetro realista da sua evolução.

Além disso, concursos jurídicos não são apenas sobre conhecimento, mas sobre resistência emocional, tempo de prova, leitura crítica, técnica de marcação, e administração da ansiedade. Tudo isso se aprende fazendo provas reais.

Mas e as viagens? Vale a pena o custo?

Quando o edital surge em outro Cidade ou Estado, há quem se pergunte: “Devo ir?” A resposta é: depende do seu momento na jornada, mas considere ir o quanto antes.

Você deve começar a viajar e fazer provas quando:

  1. Já tem uma base razoável nos principais ramos do Direito cobrados (Constitucional, Administrativo, Civil, Penal, Processo etc.);
  2. Já fez simulados e provas anteriores em casa, com seriedade e cronômetro;
  3. Está buscando desenvolver a experiência emocional de ‘dia de prova’ — que é muito diferente da teoria;
  4. Enxerga a prova como um aprendizado, e não apenas como tentativa de nomeação.
  5. Gostaria de ser aprovado mas compreende que pode ainda não ser a hora.

Pode ser cedo se:

  • Você começou a estudar há poucas semanas e ainda está construindo sua base jurídica;
  • Ainda não fez, ao menos um, ciclo completo de leitura da lei seca do edital;
  • A viagem comprometerá sua organização financeira a ponto de afetar seu planejamento de médio prazo;
  • Você sente que fará a prova apenas por “pressão externa” (como colegas que já estão indo, por exemplo).

Prova como laboratório pessoal

Encare a prova como um laboratório: leve sua água, seu lanche, vá como se estivesse simulando o "grande dia", mas sem o peso da expectativa imediata de aprovação. Vá para sentir o clima, testar seu foco, analisar a banca.

Muitos aprovados contam que só “acertaram o ritmo” após 3, 4, até 10 provas depois. A experiência é tão importante quanto o conhecimento.

Viagem também é aprendizado

  • Você testa logística: como dormir antes da prova, como se alimentar, como se deslocar com antecedência;
  • Aprende a lidar com imprevistos: mudanças de local, atrasos, pressão do ambiente;
  • Percebe como seu corpo e mente reagem em diferentes contextos — algo fundamental no dia D.

Dica prática: monte uma “prova de treino oficial”

Escolha uma prova real, num lugar que você possa viajar com relativo controle de custos. Trate como um ensaio geral. Analise erros, sensações, dificuldades. Use isso para ajustar sua estratégia.

Conclusão: não espere estar pronto — esteja em processo

Esperar a sensação de “estar 100% pronto” para começar a fazer provas é como esperar que todos os sinais fiquem verdes para sair de casa. Você precisa agir com estratégia, com consciência, mas com coragem.

Se você já possui uma boa base, condições mínimas de logística, e encara a prova como um passo no caminho (e não o destino final), então sim: comece a viajar. Comece a fazer provas. E aprenda com cada uma delas.

No mais, estabeleça que cada minuto despendido, cada centavo gasto, cada emoção vivida formam o cenário e te aproximam do seu sonho. Quanto mais você investe, mais você deverá estar envolvido e determinado num processo inexorável.

Chandler Galvam Lube
Aprovado para Promotor de Justiça
Mestre em Direitos e Garantias Constitucionais
Idealizador do LexLege

 

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